Desde a meia-noite desta segunda-feira (12), os motoristas de ônibus que operam no Sistema Público de Transporte de Passageiros (STTP) no Recife e na Região Metropolitana deram início a uma greve que afeta diretamente mais de 700 mil passageiros. O movimento é uma resposta à falta de acordo nas negociações entre os rodoviários e a classe patronal, envolvendo questões salariais e benefícios.
Motivo da Greve
A paralisação foi deflagrada após o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Região Metropolitana Mata Sul e Norte de Pernambuco (STTREPE) rejeitar a proposta de 0,5% de aumento salarial acima da inflação, um vale-alimentação de R$ 400,00 e um abono de R$ 180,00 para motoristas que exercem dupla função. Com o impasse nas negociações, os motoristas decidiram pela greve, deixando a população sem o principal meio de transporte público.
Impacto nos Passageiros
Com os motoristas paralisados, a situação dos passageiros na Região Metropolitana do Recife se torna crítica. Diariamente, cerca de 700 mil pessoas dependem dos ônibus para se locomover, e a ausência de transporte afeta diretamente a rotina da população. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que poderá estender o horário de pico do metrô, caso necessário, para tentar minimizar os transtornos, mas a decisão será tomada com base no monitoramento em tempo real.
Solicitação de Frota Mínima
Em um esforço para reduzir os efeitos da greve, o Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT) solicitou que, durante os dias de paralisação, ao menos 70% da frota de ônibus operasse nos horários de pico, das 5h às 9h e das 16h às 20h, e 50% nos demais horários. O pedido foi formalizado em um ofício enviado ao STTREPE e ao Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE).
No entanto, o presidente do STTREPE, Aldo Lima, rejeitou a recomendação do GRCT, alegando que o consórcio não tem autoridade para determinar a frota mínima durante uma greve. Ele destacou que o direito de greve é constitucional e criticou a gestão do Grande Recife por não conseguir controlar a frota em dias normais, questionando a eficácia de suas orientações em momentos de crise.
Passeata e Protestos
Além da greve, o Sindicato dos Rodoviários realizou uma passeata no dia 6 de agosto para protestar contra a demissão de motoristas da empresa Vera Cruz, que repassou suas linhas de ônibus para outras empresas, como Borborema e Metropolitana. A entidade sindical denunciou que os motoristas não foram realocados nas novas empresas, resultando em demissões. O protesto culminou em uma reunião na Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi) para discutir a situação dos trabalhadores.
Conclusão
A greve dos motoristas de ônibus no Grande Recife coloca em evidência a delicada relação entre trabalhadores, empresas e o poder público na gestão do transporte coletivo. Com a paralisação em curso, a população enfrenta dificuldades de locomoção, enquanto as negociações entre as partes envolvidas se arrastam sem solução imediata à vista. A continuidade do movimento e suas repercussões dependerão do desfecho dessas discussões e da capacidade das autoridades em mediar um acordo que atenda às necessidades dos trabalhadores e da sociedade.