A Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC), localizada na Ilha de Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco, foi oficialmente desativada na manhã da última terça-feira (1º). A unidade prisional masculina de regime fechado operava desde 13 de dezembro de 1973 e cumpriu papel estratégico no sistema penitenciário da Região Metropolitana do Recife (RMR) por mais de cinquenta anos.
A medida, anunciada como parte de um plano de reestruturação do sistema prisional estadual, foi comemorada pelo setor turístico local, que há anos solicitava a desativação da unidade.
Turismo celebra decisão: “presente para o Litoral Norte”
O presidente do Trade Turístico do Litoral Norte de Pernambuco, Antonio Junior, declarou que a decisão chega como um verdadeiro “presente” para o desenvolvimento econômico e turístico da região:
“Essa desativação chega como um grande presente. Foi uma promessa de campanha e um compromisso firmado com o nosso trade. Vai diminuir casos de violência, assaltos e dar maior segurança para os investidores do turismo na região”, afirmou.
Segundo ele, a expectativa é que o setor sinta os efeitos positivos a partir de 2026, com aceleração de projetos turísticos e imobiliários. “Nos próximos 12 meses, começaremos a perceber o crescimento do investimento. A Ilha de Itamaracá é um dos destinos preferidos dos turistas que vêm para a região”, completou.
Demolição prevista, mas destino da área ainda é incerto
A governadora Raquel Lyra, em agenda na Advocacia Geral da União, confirmou que a demolição da unidade será realizada, embora ainda não haja uma data oficial definida nem o anúncio sobre o que ocupará o terreno:
“Vamos demolir aquela penitenciária. Recebemos o Estado com a condenação da Corte Interamericana de Direitos Humanos e um dos piores sistemas penitenciários do Brasil. Com apoio do Governo Federal e decisões firmes, estamos reconstruindo”, afirmou Raquel.
O setor turístico, por sua vez, segue na expectativa sobre o destino do espaço. "Não sabemos se continuará sob domínio público ou se será concedido à iniciativa privada. Um empreendimento hoteleiro impulsionaria ainda mais a região", destacou Antonio Junior.
Redução da violência e valorização do território
A relação da penitenciária com o histórico de violência da região também reforça a relevância da medida para a segurança pública e para a valorização do território. O presídio foi por décadas um foco de instabilidade, influenciando negativamente na percepção de segurança da Ilha.
“Temos uma articulação bastante positiva com prefeitos, gestores municipais e o Governo do Estado. Seguimos um planejamento estratégico criado em 2021, e o Governo tem atendido bem às demandas”, relatou o presidente do trade turístico.
Motivos da desativação: estrutura precária e risco à integridade
A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) justificou a desativação devido às condições estruturais críticas da unidade. Entre os principais problemas estavam:
O secretário da pasta, Paulo Paes, considerou a medida um avanço significativo:
“A desativação da Barreto Campelo representa respeito com a população privada de liberdade e com os profissionais que lá trabalhavam. Vamos seguir com as mudanças necessárias ao processo de ressocialização”, afirmou.
Transferência de presos mobilizou mais de 450 agentes
A penitenciária contava com 640 vagas masculinas, e, no momento da desativação, abrigava 472 presos em regime fechado. Eles foram redistribuídos para outras unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife.
A operação contou com uma grande mobilização de segurança:
Oportunidade para reconfigurar o futuro da Ilha de Itamaracá
Com a desativação da unidade prisional, o Litoral Norte de Pernambuco se prepara para um novo ciclo de desenvolvimento. A expectativa gira em torno da valorização do turismo, atração de investimentos, e maior segurança para moradores e visitantes.
O local que por anos foi símbolo de superlotação e violações poderá, agora, representar renovação, geração de renda e inclusão econômica — transformando o antigo em oportunidade de futuro.